20.8.11

La la la liberación

Entendo a birra com Cansei de Ser Sexy? Não só não entendo como acho babaca. "Aaaai, é muito artificial, vazio". Geralmente quem fala isso são as pessoas que favoritaram o clipe de Like a G6 no youtube. Ou aquelas que escutam Mombojó, porque Papapa é realmente muito profunda. Piranha, por favor. Bem curto essa atitude despojada que o CSS assumiu desde o início e que conduziu os dois primeiros álbuns da banda. O terceiro, La Liberación, foi disponibilizado para audição nesta semana e acabou com o hiatus que durava desde 2008.


A bagaceira foi deixada um pouco de lado e deu lugar a uma sutil inovação, principalmente nas letras. Em City Grrrl, por exemplo, Lovefoxxx vocifera o já conhecido sentimento I don't belong here que marcou o início da adolescência. Nas palavras da própria vocalista "The song captures the sentiment of feeling like a true outsider and yearning to escape to a big city to find fellow outcasts". Ainda assim, a identificação musical foi preservada de forma louvável. Exatamente o que se pode esperar de um álbum do CSS. Para rechear o set list dos DJs nas festinhas, já tá de bom tamanho.

11.8.11

And I am lost and not found

Quando escutam a palavra "beirut", algumas pessoas lembram imediatamente da banda. Eu não. Primeiro lembro do bar, depois lembro da cidade e só então lembro da orquestra comandada por Zach Condon. A verdade é que nunca me preocupei com Beirut. Cappuccino no CCBB demais pra minha paciência de menos. Até que graças aos ossos do ofício, precisei escutar o Red Hot + Rio 2, uma coletânia que reuniu vários gringos com o intuito de prestar uma homenagem ao tropicalismo. Ficou uma merda, óbvio, mas o cover de Beirut pra "Leãozinho" realmente conseguiu prender a minha atenção. Na levada do ukelele, Condon se aventura no português e pesa a mão no sotaque, o que só acrescenta imensurável fofura cuti-cuti à melodia suave e harmoniosa.


parra disentristicer leozinho

Talvez todo o excesso de fofura tenho me levado a ouvir o recente álbum deles, The Rip Tide. Qual não foi minha alegria ao perceber que do jeito que TRT me olhou deu namoro? Segundo a wikipedia, "a música do Beirut combina elementos folk do Leste Europeu, onde Zach passou uma temporada, pesquisando as sonoridades que caracterizam a banda". E é bem por ai mesmo. A sanfoninha cativante e instrumentos de sopro dividem espaço e resultam numa musicalidade ao mesmo tempo rica e simples que casam perfeitamente com a singela angústia das letras. Na NPR, o streaming completo do álbum já está disponível. É só conferir.

9.8.11

What's a king to a god? What's a god to a non-believer?

Entendo bostas de hip hop/rap. Bostas. Se ainda fosse Rap Brasil, vai-se lá, porque taí uma fita K7 que marcou a vida, marcou o coração. Mas com o tempo comecei a curtir alguns artistas do ramo, principalmente Jay-Z e Kanye West. Um sapeca neném na Beyoncé e isso já é suficiente. O outro...bem, o outro fala demais, tem ego demais, faz merda demais, é babaca demais, é vulnerável demais, é odiado demais e como não amar uma pessoa assim? Talvez por ser um fdp insuportável, a maioria não faça questão de olhar atentamente o seu trabalho. E eis uma grande injustiça. "My Beautiful Dark Twisted Fantasy" é um dos álbuns mais sensacionais que já ouvi na minha vida e não, não é exagero.

Pois bem, o fato é que os dois resolveram lançar um álbum e dessa melanina cheirando a paixão em forma de parceria surgiu o "Watch The Throne".


No bom inglês malandro, this shit is dope. Jay-Z comanda grande parte das 18 faixas marcadas pelo contrastes entre letras que ora enaltecem as extravagâncias de um mundo cheio de regalias óbvias ao mesmo tempo que inoportunas ("So many watches I need eight arms"), ora apontam as inseguranças e preconceitos que ainda permeiam a sociedade ("Marilyn Monroe, she’s quite nice/But why all the pretty icons always all-white?")

É interessante observar como os dois se complementam musicalmente ao mesclar estilos e transformam o que tinha tudo para ser uma briga de egos em um consistente álbum que supera expectativas. Com tamanha determinação e empenho, arrisco dizer que "Watch The Throne" tem tudo para se tornar um clássico.